CEO da Sport TV abordou tema da pirataria no futebol, com Luís Neves, Diretor Nacional da Polícia Judiciária, e Paulo Cavaleiro, Presidente da Comissão da Cultura, Comunicação, Juventude e Desporto
A pirataria é um fenómeno que cada vez mais precisa de combatido e erradicado para bem do próprio futebol. Essa visão tornou-se bastante clara através das ideias partilhadas por quem tenta limpar o desporto dessa realidade, como são os casos de Nuno Ferreira Pires (CEO da Sport TV), Luís Neves (Diretor Nacional da Polícia Judiciária) e Paulo Cavaleiro (Presidente da Comissão da Cultura, Comunicação, Juventude e Desporto).
Trata-se, naturalmente, de algo muito sensível para Nuno Ferreira Pires, que passou logo uma mensagem importante para os próprios adeptos. “Para haver mais dinheiro para os clubes, quem gosta de futebol tem de pagar por aquilo que consome. Não podemos achar que vamos ao supermercado comprar comida para comer e serviços que não são tangíveis são passíveis de serem roubados”, apontou.
Perante dados que apontam quase 300 mil lares que acedem mensalmente de forma ilegal a serviços digitais e audiovisuais e prejuízos na ordem de 250 milhões de euros, o CEO da Sport TV fala em números que na realidade são muito maiores e aponta o caminho. “A lei não nos ajuda. Preciso que os piratas sejam presos e depois as listas de clientela sejam tornadas públicas e se faça como em Itália ou outros países e que as pessoas sejam punidas. Enquanto não houver punição, há um consentimento social vergonhoso em Portugal de que ver um jogo de futebol sem pagar é normal. Enquanto permitimos que isto aconteça, não podemos achar estranho que Benfica, Sporting, FC Porto, Sp. Braga não tenham as receitas que pretendem. Não é possível porque o público não está a pagar. Precisamos de mais detenção e de mais proteção jurídica. A liberdade do cidadão tem de acabar quando há crime”, resumiu.
Garantindo que “a única maneira de o futebol se tornar mais sustentável em Portugal é recapturar uma receita que é do setor”, Nuno Ferreira Pires reforça uma ideia forte: “O futebol não pode continuar a ser roubado da forma que é.”
Problema identificado
Luís Neves, Diretor Nacional da Polícia Judiciária, promete empenho máximo para lutar cada vez mais com este fenómeno. “A melhor dissuasão são resultados de investigação criminal. Quando há presos, quando há desmantelamento, as pessoas ficam expostas. Há uma prevenção geral. Isto tem a ver com meios humanos, meios legais e meios tecnológicos dos quais estivemos afastados”, referiu.
Certo é que há esperança no horizonte do líder da PJ: “Já assumi que estamos a falar de crime organizado, de branqueamento de capitais e é um enorme obstáculo ao investimento. Parece que estamos a beneficiar ou a reconhecer aquele que comete o crime porque vai crescendo. Por isso, fica aqui o compromisso público de quem dirige a instituição.”
E trata-se, claro, de um tema que também merece atenção por parte do Governo, com Paulo Cavaleiro, presidente da Comissão da Cultura, Comunicação, Juventude e Desporto, a lembrar o que começa a acontecer em Itália como uma hipótese.
“Há hoje em dia em alguns países da União Europeia um sistema de aviso e sanções, que é uma solução que ainda não está regulamentada e que podemos vir a fazer. É como no parquímetro, em que se paga um dia inteiro em vez de ser logo uma multa. Alerta quem está a consumir e não quem está na lógica de montar a rede de distribuição. Ainda não temos enquadramento legal que há noutros países para atuar nesta matéria. Temos de olhar para este assunto de outra maneira e encontrar respostas para que este tema possa ter uma ajuda maior para que se possa combater. São muitos milhões que saem do desporto e muitos milhões de impostos que saem do país”, rematou.