Luciano Gonçalves: “Há décadas que a arbitragem estava muito fechada”

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Presidente do Conselho de Arbitragem da FPF quer contribuir para uma maior abertura do setor

Luciano Gonçalves faz um balanço positivo do seu mandato como presidente do Conselho de Arbitragem. “Apanhámos quatro meses com a época a decorrer e seguimos as estratégias do anterior Conselho de Arbitragem, pouco a pouco fomos implementando as nossas ideias. Uma das nossas prioridades era separar a parte técnica e só a partir de 1 de julho é que o nosso Diretor Técnico [Duarte Gomes] começou a pegar no tema, é algo que ainda está a ser, não diria, difícil, mas desafiante”, começou por referir, no “One-On-One” com o jornalista Filipe Alexandre Dias.

“Tem sido desafiante para mim, as funções de presidente da APAF nada tinham a ver com a atual, antigamente era uma posição mais de exigências e de pedidos para os árbitros, agora é mais uma gestão de recursos e de ativos, tenho a felicidade de ter escolhido os melhores para estarem ao meu lado, o que atenua o nosso trabalho”, complementa.

Luciano Gonçalves sublinha que uma das marcas que pretende deixar é contribuir para uma maior abertura do setor. “Há décadas que a arbitragem estava muito fechada, temos de nos abrir, a sociedade tem de olhar para o árbitro como olha para o treinador, jogador ou dirigente, olhar para o árbitro como uma pessoa. Mas também não pode haver um excesso de exposição, pois se assim for a sociedade vai-se aproveitar da humildade em explicarmos as nossas posições”, defende.

Questionado sobre o facto de o futebol português continuar em constante ebulição, apesar das lideranças supostamente mais “arejadas” nos três principais emblemas nacionais, o presidente do Conselho de Arbitragem aproveitou para deixar um recado. “É uma desilusão. Gostaríamos de ter um futebol mais tranquilo e positivo, pois temos pessoas muito mais preparadas na liderança dos clubes, que infelizmente acabam por ir pelos mesmos caminhos do passado, continuamos a focarmo-nos muito na arbitragem, a desculpabilizar-nos muito com a arbitragem”, lamenta. E pede penas mais duras para os dirigentes. “Os regulamentos disciplinares deveriam ser mais punitivos, para que de uma vez por todas pudéssemos acabar com isto. As nossas penas ainda são muito diminutas, o Regulamento Disciplinar é feito pelos clubes… mas tenho muito orgulho nos árbitros, nos jogadores e nos dirigentes portugueses, não acho que lá fora sejam melhores, temos é de olhar para o global”, realçou.


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