Reinaldo Teixeira: “Há consenso alargado sobre a centralização”

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Reinaldo Teixeira, presidente da Liga, garantiu que as sociedades desportivas também estão de acordo quanto à chave de distribuição e quadros competitivos

Presidente da Liga Portugal desde abril deste ano, Reinaldo Teixeira ainda não tem tempo suficiente à frente da instituição para fazer balanços, mas, em contrapartida, não lhe faltam desafios. A começar pelo delicado dossier da centralização dos direitos televisivos que, nas suas palavras, tem sido recebido “com um consenso alargado” pelas sociedades desportivas. “A centralização tem de estar em efeito em 2028/29. Tínhamos até junho de 2026 para entregar o dossier à Autoridade da Concorrência e conseguimos antecipar um ano. Entretanto, houve perguntas da AC às quais já respondemos, em articulação com a FPF. Pensámos que será finalizado até ao final de novembro”.

A centralização é apenas ponta do iceberg, colocando-se desafios também no que diz respeito à chave de distribuição e à eventual alteração dos quadros competitivos, frisando o Reinaldo Teixeira que, também aqui, tem existido um grande consenso. “Quanto à chave de distribuição, questões como o número de adeptos no estádio, o share e as audiências televisivas serão considerados e há consenso das sociedades nesses eixos”. Sobre aos quadros competitivos, um modelo que proporcione mais clássicos, mais dérbis regionais e mais jogos de cartaz também tem sido recebido com abertura.

Quanto a valores para a venda centralizada dos direitos televisivos, o presidente da Liga não se quis comprometer. “Se lhe disser 500 milhões é exagerado, 100 é uma vergonha. O meu compromisso é que o valor será maior possível”. Ainda sobre este tema, Reinado Teixeira abriu a porta à hipótese de ser a própria Liga TV a produzir e transmitir os jogos das ligas profissionais. “A ideia é vender, mas essa pode ser também uma solução, sendo que a opção final será sempre a que melhor servir as sociedades desportivas” com o objetivo de que “ninguém perca dinheiro”. “

Entre os desafios que se colocam à boa concretização deste objetivo está a pirataria, responsável por dois terços da audiência dos jogos, números de Reinaldo Teixeira. “Posso garantir que o foco está em assegurar que o nosso produto seja mais apetecível e mais conhecido a nível global e até hoje não falámos com ninguém que dissesse que não tinha interesse. Não só os operadores nacionais e internacionais, mas também os operadores de streaming abriram as portas à negociação” com o combate à pirataria a desempenhar, então, um papel fundamental na valorização do produto. “É como ir com o camião cheio e chegamos ao mercado apenas com um terço da mercadoria. É uma questão de sensibilização da população. Falámos com PSP, GNR, SIS, APVD e sentimos de todos a preocupação em combater pirataria. Aliás, haverá, por parte do Governo, novas medidas para tornar a pirataria um risco maior para quem a usa”.

A melhoria do espetáculo, com a contribuição de treinadores, jogadores e árbitros para o aumento do tempo útil de jogo, a aposta na renovação das infraestruturas dos clubes que participam nas competições profissionais, a importância de levar mais adeptos aos estádios e, sobretudo, o ataque ao sexto lugar do ranking da UEFA por parte dos clubes que participam nas competições europeias são igualmente preocupações com impacto na qualidade e rentabilidade global do produto futebol e assumidas pelo presidente da Liga.

De resto, sobrou ainda tempo a Reinaldo Teixeira para garantir que continua ativo nas discussões com o Governo para a diminuição dos custos de contexto, com destaque para a fiscalidade “que impede os clubes portugueses de reter talento” e para os seguros, cuja solução pode ser encontrada junto de parceiros externos.


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