Ricardo Felgueiras: “Se têm talento não precisam de sair tão cedo”

Portugal Football Summit

Presidente da AF Viana Castelo abordou tema do recrutamento precoce no futebol e impactos no equilíbrio de clubes e crianças

No painel “Recrutamento precoce no futebol e impactos no equilíbrio competitivo nos clubes locais e no desenvolvimento de crianças e jovens”, moderado por Rui Melo da FPF, Ricardo Felgueiras, Presidente AF Viana Castelo, deu ênfase ao que considera ser um problema e que deve ser regulamentado, referindo que a associação que preside tem uma comissão que está a trabalhar para apresentar soluções concretas, como aplicar regras e limites no recrutamento e definir modelos de compensação dos clubes grandes ao clubes locais. “O recrutamento é feito em crianças entre 5 e 10 anos. Da AF Viana para a AF Braga, a época passada, saíram 29 atletas menores de 12 anos. O distrito de Viana tem 7 escolas dos ditos clubes grandes e nas nossas concentrações de Petizes e Traquinas (5-7 anos) temos scouting… Os miúdos estão a brincar e eles dizem aos pais que têm perfil para o alto rendimento”.

É urgente avaliar os impactos destas situações nos clubes - uma vez que afeta a sustentabilidade dos clubes mais pequenos e desequilibra as competições regionais – mas também nas crianças, que devem ser a prioridade. Sofia Silva, Docente de Psicologia, referiu que existe uma “pressão e exigências desajustadas para a idade, o sentimento de pertença é fragilizado, há frustração e abandono precoce da modalidade, porque com 7, 8 anos deitam-se muito tarde, não conseguem atingir o que esperam, a ansiedade prejudica o desempenho, há um desgaste emocional e físico, desequilíbrio entre a vida desportiva e escolar, e as rotinas familiares são afetadas”.  

Em jeito de conclusão, face à falta de maturidade emocional das crianças para lidar com estas situações e o número excessivo de abordagens por parte dos clubes grandes, Ricardo Felgueiras lembrou que “o Trincão e o Pedro Neto, por exemplo, saíram de Viana do Castelo com 12 anos, não com 5. (O Trincão saiu com 9 e regressou nesse ano, não se adaptou). Temos estes e outros exemplos. Se têm talento não precisam de sair tão cedo”.


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