William McAuliffe: "Qualquer mudança terá eco da vontade dos adeptos"

Portugal Football Summit

Head of Disciplinary da UEFA partilhou com Pedro Magalhães, CEO do Moreirense, e com Mario Vigna, da Coccia de Angelis & Associati, painel sobre o impacto e os desafios da propriedade de vários clubes

Um fenómeno cada vez mais presente no futebol mundial é o facto de haver grupos que detém mais do que um clube. O Moreirense juntou-se a esta aventura recentemente, ao entrar no grupo Black Knight, e Pedro Magalhães, CEO dos cónegos, abordou essa questão num painel que visou a temática, no Portugal Football Summit.

“A identidade de cada clube é muito importante. No grupo Black Knight temos Bournemouth, Auckland, Hibernian, Lorient e agora oMoreirense. São contextos completamente diferentes a nível financeiro, desportivo, scouting, comunicação. Aquilo que para nós foi muito importante percebermos foi o que o grupo Black Knight pretendia fazer dentro do Moreirense. Se íamos manter algumas raízes, até para não haver uma desvirtuação da nossa massa adepta. Quando percebemos que a ideia era manter 80% do foco e gestão que o Moreirense tem... Posso dizer que as pessoas que trabalham no Moreirense são praticamente as mesmas. As únicas mexidas foram em termos de comunicação. De resto, o nosso grupo de trabalho é exatamente o mesmo”, começou por explicar.

Além de destacar uma relação muito positiva com o grupo, Pedro Magalhães garante que não houve qualquer revolução mas, sim, o abrir de portas para um novo mundo. “Temos um projeto de uma vila desportiva que já iniciou em 2019 e hoje vamos conseguir de forma muito mais célere terminar esta questão, que nos vai permitir crescer muito mais. Em maio do próximo ano já iremos ficar com um complexo com 8 campos, 5 de relva natural e 3 de relva sintética para apoio à nossa formação. A nível de sinergia de multiclube permite-nos crescer de forma muito rápida. Sem esta polícia de multiclube acredito que as coisas se fossem fazendo mas muito mais lentas porque não teríamos capacidade financeira”, sublinhou.

Também no painel promovido pela sociedade de advogados Morais Leitão estava Mario Vigna, da Coccia De Angelis & Associati, que resumiu o debate. “A principal questão é se termos de regular o futebol, considerando que o futebol não é um setor económico igual aos outros. Tem as suas características e o facto de participar em competições internacionais onde a integridade e a credibilidade são muito importantes é algo que é preciso abordar. Por outro lado, vivemos num mercado livre. Temos de considerar alguns prós deste fenómeno”, sustentou.

William McAuliffe, Head of Disciplinary da UEFA, aponta o papel dos adeptos, que pode limitar o fenómeno de alguma forma. “É importante ver que os clubes não querem perder a identidade. O risco do multiclube é que os políticos estão a reagir à perceção pública das pessoas que sentem que estão a perder o clube ou que este está a ser impactado pelas mudanças. Em França há uma movimento para limitar esta política, vemos cada vez mais difícil encontros de uma liga acontecerem fora do país por causa da voz dos adeptos. Qualquer mudança nas regras vai ter eco da vontade dos adeptos”, resumiu.


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