Espinho foi talismã para os Heróis da Areia a 19 de julho de 2015
A Seleção Nacional de Futebol de Praia já conquistou tudo, desde Campeonatos da Europa a mundiais sem o carimbo FIFA (2001). No entanto, há um dia, um momento que ficará para sempre marcado na memória como um dos mais importantes. 19 de julho de 2015: o dia do futebol de praia português, o dia que parou o país.
ENTREVISTA a Madjer

Há dez anos, Portugal sagrava-se Campeão do Mundo em casa, o segundo título mundial da história (2001, na Bahia ainda sob a organização total da Beach Soccer Worldwide), o primeiro com o selo FIFA.
A epopeia lusitana iniciava com uma vitória, na fase de grupos, com o Japão (4-2), seguindo-se um desaire com o Senegal, perdendo por 5-6, sendo por muito apelidade como o episódio marcante do torneio para o chamado "serrar de dentes" e ir com tudo até à desejada final. O triunfo por 7-2 diante da Argentina carimbou a presença na etapa seguinte, para a Equipa das Quinas eliminar, de seguida, a Suíça, nos quartos-de-final, por 7-3.
Nas meias-finais, uma "final antecipada", Portugal encontrava uma das grandes equipas à época: a Rússia (que tinha já eliminado o todo-poderoso Brasil). Os comandados de Mário Narciso não tremeram e mostraram que queriam coroar os milhares de adeptos com o título, triunfando diante dos russos por uns claros 4-2, passando para a final do Mundial.
19 de julho de 2015, estava escrito nas estrelas e a Praia da Baía, em Espinho já era pequena para os milhares que se amontoavam em volta do recinto da competição, esgotando por completo o mesmo e com muitos a assistir à partida nos ecrãs gigantes colocados no exterior. Pela frente, Portugal tinha o Taiti, mas a equipa de Madjer, Alan, Belchior e companhia queriam muito e iniciar o jogo da melhor forma era o desejado.

O capitão Madjer marcou logo na saída de bola, com o mágico Belchior a aumentar ainda no primeiro período. No segundo tempo, foi o fixo Rui Coimbra a dilatar a vantagem, de cabeça a passe de Elinton Andrade. O conjunto da Polinésia Francesa ainda reagiu com golos de Labaste e Kuee, mas Bruno Novo respondeu de imediato num pontapé do "meio da rua" para o 4-2. Kuee reduziu no derradeiro período e o encontro ficou ainda mais frenético. No entanto, os lusitanos ainda queriam acabar o desafio por cima, para a 50 segundos do fim do jogo, Coimbra lança Alan Cavalcanti, que na sua elegância e leveza habitual, faz o 5-3 final, colocando o Estádio da Praia da Baía em autêntica ebulição.
A conquista de Espinho elevou ainda mais o futebol de praia português. O título trouxe mais adeptos, mais praticantes, mais paixão, mas acima de tudo a confiança e consagração daqueles verdadeiros Heróis da Areia que por muitos anos lutaram, e continuam a lutar, pelo sucesso da modalidade. O título mundial de 2015 veio mostrar que é possível, que a nossa equipa está ao nível de qualquer outra. Cinco anos volvidos, a Equipa das Quinas voltou a festejar novamente, no Paraguai, em 2019, naquele que foi também a despedida do que para muitos foi e continua a ser o melhor jogador de futebol de praia de todos os tempos: Madjer.

Mário Narciso e Tiago Reis: uma história de ouro com ainda muito por escrever
Campeão do Mundo em 2015 e 2019, Mário Narciso tem o seu nome escrito nos livros do desporto nacional como o único selecionador bi-campeão do mundo em futebol. Um líder nato, galvanizou os seus jogadore para uma das páginas mais bonitos do futebol de praia, tendo até aqui um companheiro de luta que o vem acompanhando desde o início: Tiago Reis. Juntos conquistaram a Europa e o Mundo e continuam aos dias de hoje a lutar diariamente, ao serviço de Portugal, por mais vitórias para os Heróis da Areia.
Eis os Campeões do Mundo de 2015:
Guarda-redes: Elinton Andrade e Tiago Petrony
Fixos: Bruno Torres e Rui Coimbra
Ala: Alan Cavalcanti, Bê Martins, Bruno Novo, Zé Maria, Jordan Santos e Madjer (CAP)
Pivot: Léo Martins e Nuno Belchior
Equipa Técnica:
Selecionador Nacional: Mário Narciso
Treinadores Nacionais: Tiago Reis e Bilro